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PEDAGOGIA SOCIAL
PARA O SECULO XXI
TEXTOS: AUTOR JACY MARQUES PASSOS

Origem do termo Pedagogia e a origem da Pedagogia Social 

 

A origem da palavra Pedagogia nos remete, na perspectiva histórica, a Grécia antiga, que perpassa por momentos em que, as crianças atenienses iriam tornar-se cidadãos e eram preparadas para o debate e a deliberação. Nesse contexto tinham um dia de estudos e formação para a cidadania.  

As crianças se encaminhavam para a palestra, local onde estudavam, duas vezes ao dia: de manhã quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, após o almoço em casa, para o ensino da leitura e escrita, que era acompanhado por um escravo chamado de pedagogo (aquele que conduz), termo que deu origem à palavra Pedagogia. 

  

A importância da Educação no desenvolvimento da Sociedade foi discutida por grandes filósofos da antiguidade clássica. Platão e Aristóteles, por exemplo, discutiram filosofia social por meio de questões éticas, políticas e pedagógicas. Percebe-se que historicamente a Pedagogia Social apoia-se na possibilidade verdadeira de influenciar os aspectos sociais por meio da educação.    

 

O conceito pedagogia social origina-se a partir do trabalho social e data de meados de 1900 (OTTO, 2009, pág.). A história aponta que seu enfoque científico é atribuído ao pedagogo alemão Friedrich Wilhelm Adolph Diesterweg (1790-1866), em 1850 (ver MACHADO, 2008). A primeira obra sistematizada é atribuída ao filósofo neokantiano Paul Gerhard Natorp (1854-1924), que vincula o processo de educação à comunidade (CALIMAN, 2008) 

 

O conceito de Pedagogia Social, em alguns países europeus, tem grande relevância para o desenvolvimento do trabalho social profissional. Na primeira década do século XX, mas especialmente a partir 1920, o educador alemão Herman Nohl (1879-1960) interpretou a Pedagogia Social como uma estrutura teórica hermenêutica para o trabalho social profissional. 

 

Embora o conceito de Pedagogia Social não tenha se consolidado efetivamente nos países anglo-americanos, muitas atividades associadas à Pedagogia Social podem ser encontradas nos países onde as necessidades e os problemas sociais são abordados a partir de pontos de vista pedagógicos. Os fundadores da Pedagogia Social não pretendiam criar um novo grupo de profissionais chamados Pedagogos Sociais. O termo foi usado inicialmente para referir-se às teorias da Educação e / ou a uma determinada área da Ciência da Educação (KRONEN, 1980). O conceito deu lugar a ideias oriundas da oposição a abordagens individualistas à Educação. A Pedagogia Social como conceito da teoria educacional e como campo de estudo originou-se como uma crítica da Educação focada no desenvolvimento dos indivíduos sem considerar as dimensões sociais da existência humana. 

 

As principais correntes de desenvolvimento da Pedagogia Social no alvorecer do Século XX foram influenciadas fortemente pela Antropologia filosófica. A concepção de assistência social empreendida através da Educação foi estudada desde o princípio, especialmente através do educador suíço Pestalozzi no fim do século XVIII (RAUSCHEMNBACH, 1999, p. 286).  

A partir dessa raiz paradigmática, a tradição alemã de Pedagogia Social foi desenvolvida de acordo com o marco conceitual da ciência educacional. Em termos histórico-sociais a origem da ação pedagógica social está firmemente ligada aos processos de industrialização e da urbanização, que evidenciaram novos problemas sociais com a fragmentação da sociedade agraria tradicional. Nesses processos, muitas crianças e adultos com necessidades de assistência foram negligenciados e novos problemas sociais se revelaram. A educação em suas diferentes formas foi vista como um mecanismo importante para enfrentar esses novos problemas, tanto dentro das famílias como nas comunidades.  

 

Como uma tradição de pensamento e de ação, a Pedagogia Social, é mais antiga do que o conceito ou o uso do termo. Os fundadores da tradição fizeram as perguntas corretas, embora não adotassem esse termo. Desde o princípio, a perspectiva pedagógico-social se dedicava a encontrar soluções educacionais para os problemas sociais. 

Pedagogia social e a educação libertadora 

 

O Educador Paulo Freire, diante do quadro exposto à sua época e preocupado com a educação, cria desenvolve/redimensiona os conceitos de dialógico e de dialética. Ele sugere uma educação que vá além do seu tempo, que problematize as questões vivenciadas, tirando o educando da inercia e levando a reflexão dos temas abordados no processo ensino aprendizagem. Essa educação popular e social, que fazem parte da Pedagogia Social, trazem à memória a ação -reflexão – ação, para que não sejamos depositários em uma educação bancaria que precedeu Paulo Freire e tantos outros educadores. Hoje, com a possibilidade real da afirmação da Pedagogia Social, nos mais diferentes espaços educativos, reafirma-se em nossas mentes o que declarou Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. 

 

Discorrer sobre Pedagogia Social significa valorizar o tema relacionado a tendência progressista libertadora, tratado na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire. O autor enfatiza e propõe a educação (ou ação cultural) problematizadora, libertadora, que tem como pressupostos a humanização de ambos, educador e educando, o pensar autêntico, e, não, educação como doação, como entrega do saber. Isso prevê o companheirismo de ambos, educador e educando. Isto implica em um fazer pedagógico, conceito que representa a união entre teoria e a prática, reflexão e ação, em contraposição à Educação Bancária. 

 

Nessa perspectiva bancária, o educador é o que sabe; o que pensa; o que diz a palavra; o que disciplina; o que opta e prescreve sua opção; o que escolhe o conteúdo programático; o que identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional; enfim, é o sujeito do processo, enquanto os educandos, meros “objetos”. Infelizmente, o saber deixa de ser de “experiência feita” para ser de “experiência narrada ou transmitida”. Nesta visão distorcida de educação, não há criatividade, não há transformação, não há saber. Freire (2005a, p.68-69) acrescenta  também, que “só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros.”. 

 

Importante destacar que no percurso do Pedagogo/educador Social, práticas utilizadas no passado necessitam de desconstrução e urge a construção do aprendizado sob todos os aspectos, como afirma Paulo Freire, “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” (FREIRE, 1997, P.21) 

   

Ele nos ensina a dialogar, em sala de aula, em frente ao computador ou em um grupo de amigos, sobre questões como a construção de uma escola democrática e popular. Ele nos provoca a sair da inércia para pensar sobre um mundo melhor, principalmente falando da responsabilidade que os professores e os educadores têm. Isso é Pedagogia Social!  

Pedagogia Social como afirmação 

No contexto pedagógico social, ser um Pedagogo / educador social é um grande desafio, pois se constitui em uma tarefa artesanal de construir uma ideia, uma obra, uma esperança futura, edificar saberes aprendidos e cultivados no cotidiano da vida em um movimento dinâmico e complexo entre seres humanos. 

Nessa perspectiva o que se espera do profissional sob todos os aspectos, que seja um mediador do diálogo do público alvo com o conhecimento, que possua uma visão crítica e consciente das causas geradoras do processo de exclusão e da injustiça social. Um Pedagogo Social que desenvolva ações conjuntas com a participação de todos no processo, quebrando as possíveis relações de poder hierárquico e autoritário, desencadeando práticas com respeito a realidade. Que antes de falar, ouça! 

Transcendendo a fala, o educador social, deve captar o mundo simbólico (signos e códigos), gestual (comunicação não verbal) e mágico-lúdico (no caso do público alvo), pois o ato de ouvir, observar o semblante e os sentimentos do nosso público, é um ato de profunda ternura e vigor permanente. Ter a consciência do momento em que o educando vive o mistério de seus dramas e sonhos é saber respeitar o momento do outro e sua individualidade.  

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