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Reflexão

“A leitura, na sociedade contemporânea, deve ser aquela que desperta no indivíduo a capacidade de ler o mundo e suas entrelinhas, que leve a despertar para seus melhores sonhos, acreditando sempre na sua capacidade de transformar o mundo e sua própria realidade. É papel fundamental da escola criar esperanças, incentivar e desenvolver potencialidades, produzir ilhas de solidariedade e coragem em meio a um sistema que, muitas vezes, sufoca ou cria seres humanos para serem meros repetidores de informação” 
(CONDÉ, 2011, p. 62)
classes

Por que pedagogia social?

 

Por: Margareth Martins de Araújo

A Pedagogia Social é um componente da Pedagogia que se responsabiliza diretamente com a inclusão das crianças em situação de vulnerabilidade social no universo escolar. Quanto mais a população de um país é entregue a própria sorte, maior se faz a necessidade da pedagogia Social, que se traduz em um fazer pedagógico voltado para a realidade das crianças e adolescentes expostos a todo o tipo de dificuldades oriundas de uma educação direcionada para um público com valores e necessidades bem diferentes. Dificuldades estas que não abrangem apenas o âmbito educacional como também o social, o político e o afetivo, por exemplo.

Ao abraçarmos a Pedagogia Social como tema de trabalho, como foco do nosso interesse, como questão reflexiva, o fazemos por perceber o quanto precisamos aprender com os sujeitos do flagelo social brasileiro para com eles trabalhar. São milhões de crianças e jovens que não se vêm contemplados no cotidiano das escolas, que se sentem aligiados de um processo do qual seus próprios pais e avós, quem sabe, também o foram e, por mais que possa parecer uma “questão hereditária”, trata-se de um processo histórico de exclusão que, ao longo dos anos, transforma em marginais seres humanos capazes, competentes e brilhantes.

Muito pouco ou quase nada do que aprendi me auxilia para com eles lidar. É preciso me formar, me alfabetizar em uma nova forma de ser e estar professora para construir um novo sentido para o magistério por mim exercido. Penso existir em algum lugar professores que comunguem com minhasideias e é para eles e com eles que abrimos um espaço de trabalho como este. As questões investigativas são construídas, principalmente, na dor, no calor do exercício de um fazer que se impõe a cada dia, a cada hora. Não diferente, suas respostas são oriundas do amor, do compromisso forjados a ferro e fogo no cadinho da existência humana. Apenas um professor capaz de enxergar-se em seus alunos, será capaz de ao resgatá-los do processo de indigência educacional em que se encontram resgatar- se também.

Ouso afirmar a existência de um tripé que se constitui em um desafio permanente para o Educador Social: o primeiro pilar é o daconstrução de sua própria identidade. Uma identidade que só faz sentido atrelado ao outro; ou seja, ao aluno. O segundo o daaceitação, é preciso aceitar seu aluno como ele é, com suas histórias e memórias, com seus textos e contextos de emergências. É possível afirmar que o processo de aceitação do outro passa, principalmente, pela própria aceitação, caso contrário, não passará de mero discurso representado por palavras soltas ao vento. Falamos, portanto, de testemunho vivo de um fazer capaz de por em diálogo o binômio teórico- prático, invocando permanentemente a questão da coerência, o que nos é bastante desafiador. E finalmente, porém não menos importante, o terceiro pilar é o da responsabilidade. Para além de se identificar com os educandose neles se reconhecer e, aceitá-los em sua legitimidade, o Educador Social precisaresponsabilizar-se por eles. Responsabilizar-se a tal ponto por seu fazer pedagógico que será impensável não incluir o sucesso doseducandos no rol do seu próprio sucesso. Falamos, portanto, de uma relação depertencimento capaz de compreender educador e educando como partes integrantes de uma mesma realidade, não fazendo mais sentido a existência de um sem o outro.

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Esta revista é uma iniciativa do Grupo PIPA–UFF: Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Pedagogia Social /UFF.

Nosso trabalho resulta da ação compartilhada e solidária entre professores da UFF e da USP, em integração com docentes da UFMG, UFV, UNB, UFMGS, e outras Universidades Nacionais e internacionais.

A Revista de Pedagogia Social (RPS) nasce do projeto PIPAS-UFF: Grupo de ensino, Pesquisa e Extensão em Pedagogia Social. Trabalhamos na formação inicial e permanente de educadores sociais, ao buscarmos compreender os conteúdos necessários à prática educativa na atualidade. Iniciamos nosso trabalho em escolas das redes municipais e estaduais do Rio de Janeiro, em especial as de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Niterói, Itaboraí e São Gonçalo; observando seus textos e contextos, limites e possibilidades, teorias e práticas, trabalhamos ainda com seus atores, questões, desafios e formação; em seguida ampliamos o trabalho para as comunidades e instituições de amparo à criança e ao jovem em situação de vulnerabilidade. Compreendemos por vulnerabilidade situações, momentâneas ou não, de sofrência humana, de exclusão e de privação de direitos. Trabalhamos com crianças, jovens, suas famílias, comunidades e instituições onde estejam inseridas, que estejam abaixo da linha da pobreza. Educação e pobreza passam a ser um matiz necessário ao nosso trabalho. Trata-se de uma parcela da população Brasileira crescente de forma veloz, que bate a porta das Universidades em busca de reconhecimento, orientação e formação de profissionais para com ela lidarem. Compreendemos ser URGENTE, a responsabilidade das universidades Brasileiras, para com essa parcela da sociedade Brasileira. Hoje, no Brasil e no mundo, torna-se imprescindível a formação de educadores com opção pela Pedagogia Social. Ela compreende a educação para além da escola e, por esse motivo, ocupa-se da formação de múltiplos profissionais cujas ações são voltadas para a ação social.

Recomendo a leitura do Livro: Pedagogia Social - Diálogos com crianças trabalhadoras, da Professora Dra. Margareth Martins Araújo.
Vamos melhorar nossas práticas!
Vai contribuir e muito para sua práxis, e é para todos os profissionais!
BOA LEITURA!
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